O Movimento de Quatro de Maio (China)

Por J.Renato Peneluppi Jr*
O Movimento de Quatro de Maio, 五四 运动, conhecido na China como Wusi, foi o momento de virada da hitória moderna da China, um movimento anti-imperialista, cultural e político chinês que surgiu dos protestos estudantis em Pequim em 4 de maio de 1919. Em um contexto mais amplo, o termo “Movimento de Quatro de Maio” às vezes é usado para se referir ao período durante 1915-1921, mais frequentemente chamado de “Movimento da Nova Cultura”. Os participantes da época, como Hu Shih, referiram-se a essa era como a Renascença chinesa porque havia um foco intenso na ciência e na experimentação. Muitos líderes radicais, políticos e sociais das cinco décadas seguintes surgiram nessa época.

Literatura
Na literatura chinesa, o “Movimento” é considerado o divisor de águas após o qual o uso da língua vernácula (baihua) ganhou popularidade e acabou substituindo o uso do chinês literário em obras literárias. Os intelectuais foram levados a se expressar usando a língua falada sob o slogan 我 手写 我 口 (‘minha mão escreve o que minha boca fala’), embora a mudança tenha sido gradual: Anos antes Hu Shih já havia feito à defesa do uso da língua vernácula moderna na literatura em seu ensaio de 1917 “Discussão preliminar sobre a reforma literária” (文学 改良 刍议), enquanto o primeiro conto escrito exclusivamente em língua vernácula, The True Story of Ah Q por Lu Xun, não foi publicado até 1921
Movimento estudantil
A gota d’água vem em retaliação à fraca resposta do governo chinês ao Tratado de Versalhes, os estudantes protestaram contra a decisão do governo de permitir que o Japão retivesse territórios em Shandong que haviam sido entregues pela Alemanha após o Cerco de Qingdao (Tsingtao) em 1914.
As manifestações geraram protestos em todo o país e estimularam um aumento do nacionalismo chinês, uma mudança em direção à mobilização política, uma mudança nas atividades culturais, uma mudança em direção a uma base populista e um afastamento das elites intelectuais de políticas tradicionais.
O “Movimento” foi por essência um movimento anti-feudal na forma de um entrelaçamento de novas e velhas ideias, e foi executado gradualmente.
A sinicização do marxismo
Durante o Movimento de 4 de maio, um grupo de intelectuais com ideias comunistas cresceu continuamente, como Chen Tanqiu, Zhou Enlai, Chen Duxiu e outros, que gradualmente apreciaram o poder do marxismo. Essas pessoas propagaram vigorosamente o marxismo entre os intelectuais. Assim, sob a orientação da perspectiva de mundo progressista, a classe trabalhadora e os camponeses desenvolveram-se gradualmente. Isso promoveu a sinicização do marxismo e forneceu um grande tema para o nascimento do Partido Comunista da China e do socialismo com características chinesas. Permitiu o desenvolvimento da China em direção a uma sociedade moderna.

Em 1939, Mao Zedong afirmou que o Movimento de Quatro de Maio foi um estágio que conduziu ao cumprimento de sua vasta Revolução Comunista:
O Movimento Quatro de Maio, há vinte anos, marcou uma nova etapa na revolução democrático-burguesa da China contra o imperialismo e o feudalismo. O movimento de reforma cultural que surgiu do Movimento de Quatro de Maio foi apenas uma das manifestações dessa revolução. Com o crescimento e desenvolvimento de novas forças sociais naquele período, um campo poderoso apareceu na revolução democrático-burguesa, um campo constituído pela classe trabalhadora, as massas estudantis e a nova burguesia nacional. Por volta da época do Movimento de Quatro de Maio, centenas de milhares de estudantes corajosamente tomaram seus lugares na vanguarda da história. Nesses aspectos, o Movimento do Quatro de Maio deu um passo além da Revolução de 1911.
Em seu sentido mais amplo, o Movimento de Quatro de Maio levou ao estabelecimento de intelectuais radicais que passaram a mobilizar camponeses e trabalhadores para o Partido Comunista e ganhar a força organizacional que solidificaria o sucesso da Revolução Comunista.
*José Renato Peneluppi Jr. é Advogado; Doutor em Administração Pública Chinesa na HUST – 华中科技大学 (2018); foi Pesquisador Associado na Boston University (2017-2018); foi Pesquisador visitante na Universidade de Oslo (2016); Lecionou na HUST – China-EU ICARE (Institute for Clean and Renewable Energy) (2012); Especialização latus sensus em Educação Ambiental na UNICAMP (2009); Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
O sindicato tem futuro?
A Era Putin na Rússia
Método dialético
História da China
Retornando a Maquiavel
Economia Pós pandemia
Feminismo negro e culinária
O pensamento transfeminista
12