China e Rússia podem tirar Afeganistão do julgo fanático

Para o economista, os problemas humanitários do Afeganistão começam com o apoio do imperialismo à destruição da experiência socialista.
Por Eias Jabbour*
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, Elias Jabbour, comentou nas redes sociais a queda de Cabul frente ao Talibã nos últimos dias, com a saída dos militares americanos do Afeganistão. Para ele, os problemas humanitários do Afeganistão começam com o apoio do imperialismo à destruição da experiência socialista, assim como a tolerância ocidental ao extremismo religioso contra os socialistas.
Jabbour ainda defende que a integração do Afeganistão às iniciativas de investimento chineses e russos serão uma forma de libertar o país do jugo de fanáticos. O economista diz que a governabilidade depende do Talibã seguir as regras do jogo internacional.

A barbárie afegã não começa com a volta do Talibã ao poder, após uma guerra com 200 mil mortos. Começa com a derrota da experiência socialista no país e o apoio do imperialismo ao fim de um projeto realmente civilizatório.
O socialismo afegão foi inovador ao (tentar) promover grandes reformas como a agrária e a emancipação feminina. Mas o regime não percebia que um salto nas relações de produção não era condizente com o nível das forças produtivas do país. A consciência é determinada pela matéria.
Aquela experiência foi destruída pela resistência interna da maioria do povo às reformas emancipadoras e o apoio militar e financeiro do imperialismo a grupos de políticos de caráter medieval. Com o fim da ocupação soviética a barbárie teocrática chega ao poder.
O Talibã foi tolerado enquanto não se tornou uma ameaça real ao status quo do imperialismo naquela região, e quando o extremismo religioso ganhou corações e mentes diante do enfraquecimento de forças políticas socialistas no Oriente Médio.
O ataque do 11/09 foi o pretexto perfeito para o imperialismo voltar a controlar as linhas de suprimento de petróleo do Iraque e bancar uma força política no Afeganistão à sua imagem e semelhança. O Talibã havia se tornado descartável.
Em questão, a gestão de um território estratégico ao imperialismo no coração da Ásia Central. O projeto passava pela criação de uma “burguesia nacional” sustentada por uma base material nada estranha. Vejamos.
Os “direitos humanos” do povo afegão foram financiados por presidentes e chefes militares títeres com a missão de especializar a agricultura do Afeganistão em algo super importante para as classes médias e altas estadunidenses: as drogas. Veja o gráfico abaixo.

A produção de ópio praticamente quadruplica no país. Eis a base material tolerável aos Estados Unidos e que mantém aquele povo na Idade da Pedra à séculos. Por isso, relatei aqui que a barbárie tem início com a derrubada do regime socialista no país.
O Afeganistão sob controle do Talibã terá de se adequar a uma ordem internacional completamente diferente da que os levou ao poder com o fim da URSS. A Ásia não é a mesma. Rússia e China estão unidas em um grande projeto euro-asiático.
Como libertar o Afeganistão do jugo de fanáticos? Não existe solução fora da elevação do grau de consciências das massas. Isso não ocorre sem expansão da divisão social do trabalho, da técnica e da especialização produtiva.
O enfraquecimento estratégico do Talibã e o surgimento de forças locais capazes de levar o país a um rumo estratégico de paz e progresso é uma tarefa geracional do povo afegão.
O reconhecimento imediato do poder talibã por parte da Rússia e China é uma grande jogada que obrigará o Talibã a sair do bueiro das relações internacionais e assumir que existem regras a se seguir caso eles queiram um mínimo ambiente à governabilidade.
Integrar o Afeganistão à Iniciativa Cinturão e Rota e ao Projeto Euro-asiático é o primeiro passo que os amantes da paz e dos direitos humanos do povo afegão devem torcer para ocorrer.
Compromissos militares com a Rússia e investimentos produtivos chineses são passos fundamentais para que o país encontre uma solução aos seus impasses. Desenvolver as forças produtivas emancipa a mente. O que o imperialismo tinha a oferecer está muito claro no gráfico acima exposto.

*Elias Jabbour, é doutor e mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP. É professor dos Programas de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) e em Ciências Econômicas (PPGCE) da UERJ. É autor de quatro livros e dezenas de artigos acadêmicos e de opinião sobre a China e o socialismo de mercado como uma nova formação econômico-social
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